O presente de aniversário da professora
No final da década de 80 uma pessoa muito próxima a mim fez um curso de corte e costura no SENAC Uberlândia. Como em quase todo final de curso, organizaram uma comemoração para o último dia de aula, combinaram também de levarem lembrancinhas para a professora.
Na época, como quase sempre, aquela pessoa estava no maior “perrengue” financeiro e ficou aflita por não saber o que comprar com tão pouco dinheiro disponível e que fosse do agrado da docente. Depois de muita busca infrutífera e indecisão, comprou por impulso, um sabonete Francis. A caminho da confraternização estava visivelmente contrariada, prevendo que seu presente seria o mais singelo de toda a turma e que talvez não agradasse.
Na escola, terminado o comes-e-bebes começaram a entregar os presentes. Abraços, sorrisos, agradecimentos, surpresas e exclamações. E, ela lá no canto, sem coragem de entregar o seu, até que não teve mais como postergar, só faltava ela.
Entregou o embrulho se justificando que infelizmente não teve condições de comprar algo melhor, a professora agradeceu como havia feito em todas as entregas anteriores e começo a desembrulhar. Quando viu o que era, caiu em prantos e abraçou-a forte e por longo tempo.
Todos os presentes ficaram sem entender aquela reação, principalmente porque das lembranças recebidas por ela, aquela, era a mais simples. Recomposta da emoção, explicou para uma turma visivelmente desconsertada o motivo de sua emoção.
Naquele dia ela estava fazendo aniversário, fazia menos de um ano que sua mãe havia morrido e enquanto viva ela tinha o costume de presentar suas quatro filhas com sabonete francis em seus aniversários, para cada filha uma cor específica, e ela sempre ganhou o sabonete rosa como aquele em sua mão, justo em seu aniversário primeiro sem a mãe o destino se encarregou de mais uma vez lhe presentear como nos anos anteriores.
Assim aquele simples sabonete se transformou em um presente de enorme significado.
“Coincidência é a maneira que Deus encontrou de permanecer no anonimato” (Einstein)