Os “MOAI” da ilha de Páscoa
Rapa Nui é menos rica e menos bonita que suas companheiras da Polinésia, embora tenha um “logotipo” inesquecível: os moai cinzelados por seu povo.
Tratam-se de estátuas monolíticas que representam homens de tamanhos diferentes e expressões parecidas, chegando a ter 22 metros de altura e a pesar até 90 toneladas.
Foram transportadas por quilômetros, pois a pedra fica concentrada em um só lugar e, finalmente, colocadas em plataformas projetadas e construídas de costas para o mar.
O efeito é estonteante, multiplicado ainda pela aridez da terra e pela planície do mar: as esculturas se destacam no vazio como numa colossal galeria de arte.
Surgem muitas perguntas. Em primeiro lugar, a profusão das estátuas supera toda a lógica estatística: eram quase 900 para uma população estimada em 4.000 pessoas. Na ilha não há rios e na época não havia cavalos nem abundância de alimentos.
Como os rapanuis moldavam a pedra vulcânica, tão dura?
Como moviam tanto peso, erguiam as peças e ainda colocavam em cima delas um pesado chapéu -um tipo de tambor de pedra vermelha- levado de outro local?
O leque de hipóteses inclui visitantes de estrelas desconhecidas e a Mana, uma energia oculta que anima as pessoas e as coisas. Alguns sustentam que a maior parte da ilha, hoje com superfície de 175 km2, teria afundado no Pacífico. Ciência e mistério ainda convivem em Rapa Nui.
Por que os moai eram tão grandes? Sabe-se que eram dedicados ao culto dos mortos. Mas talvez a razão mais profunda esteja nos milhares de quilômetros de água que se estendem ao redor da ilha, antes de qualquer terra. A ilha parece flutuar no tempo e no espaço.
Os moai são uma forma de devoção e uma expressão artística, uma declaração de independência e um ato de resistência. Não representam deuses, mas pessoas. Entreabrem uma porta para outro mundo, não necessariamente místico, mas irredutível ao mundo real.
Conta-se que os clãs da ilha lutavam com frequência, e os moai dos perdedores eram abatidos, sempre de cabeça para baixo. Muitos deles ficaram nessa posição, causando um efeito singular. Vê-los de nariz afundado na terra perturba um pouco. De pé ou caídos, os “donos da terra” têm uma força intensificada pelas perguntas que continuam sem resposta.